Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Crescemos e vivemos próximas ao Santuário, conta D. Durvalina

Neste mês conheceremos a história de duas irmãs que desde a década de 1930 vivem próximas ao Santuário. Ela nos recebeu com muita alegria e a entrevista transcorreu recheada de muitas gargalhadas. “Nasci em Mogi Mirim, interior de São Paulo, em 1927. Seis meses depois nos mudamos e viemos morar em São Paulo, no Braz”, conta Dona Durvalina Gomes Valério. Eu nasci em 1932, no Braz. Em 1934, viemos para Vila Formosa, próximo ao Arouca”. Completa dona Aparecida Gomes Miquelino.

É muito bom e interessante conversar com elas sobre o início do Bairro. “Papai perdeu a na revolução constitucionalista de 1932. Foi reformado e pouco depois veio conhecer os terrenos oferecidos aqui. Ele desconjurou.

Somente com a insistência de mamãe é que ele comprou”, relembram elas, sorrindo. Os pais eram católicos. A vinda para a Vila, em 1934, tomaram contato com os padres Missionários do Sagrado Coração. “O Pe. Pedro sempre nos levava para passear, especialmente no convento das irmãs beneditinas. E no seminário também”, contam elas. O bairro ainda não existia.

Havia muito mato e pasto: “A gente gostava de sair por aí. Mas havia muitas vacas. Do nada saíam de trás de algum mato e tínhamos de correr delas. Haviam touros que eram muito bravos também”, rememoram às gargalhadas… Onde hoje é o cemitério havia muitas frutas: “a gente ia sempre lá apanhar especialmente pitanga. Mas era muito vazio por aqui também. Havia pouca gente. Quando aparecia alguém, ficávamos aliviadas: Que bom, lá vem alguém. Totalmente o contrário de hoje, dependendo do lugar, se vemos alguém vindo em nossa direção, já ficamos com medo, pois não sabemos quem é e o que poderá fazer… relembram e lamentam elas…

Lembram de Dona Geralda e Dona Linda como animadoras na igreja. “No início íamos sempre à missa na igrejinha. Depois na atual Igreja. Minha irmã não quer falar, mas ela (d. Durvalina) foi a primeira noiva a se casar no santuário”, conta dona Aparecida, sorrindo… “E só havia a parte da frente. A de trás ainda estava em construção”, complementa dona Durvalina, às gargalhadas… Sentem muitas saudades das procissões. Especialmente das do dia da festa. “Participamos muitas vezes com vestidos vermelhos e ‘arquinhos’ feitos de samambaia”, rememoram… Da quermesse gostavam muito de participar. “Porém sempre queríamos uma bonecona que era sorteada. Nosso pai participava do sorteio, mas nunca ganhava. Tinha outra possibilidade também, cada vez que íamos à missa, ganhávamos, dos padres, uns “bilhetes” que poderíamos trocar por presentes no final do ano. A gente juntava para trocar pela “bonecona”. Mas ao chegar o dia, nossos irmãos nunca iam à missa e tínhamos de repartir com eles. Senão eles choravam por ficar sem presentes… nós reclamávamos, mas não tinha jeito e ficávamos sem a bonecona de novo”, contam às gargalhadas mas demonstrando que ainda hoje lamentam não ter ganho a “bonecona”… Um fato que também não se esquecem é relacionado a uma imagem do Menino Jesus: toda vez que se colocava uma moeda, ele se movimentava agradecendo… nem sempre tínhamos moedas, então, nós, as crianças, colocávamos pedrinhas só para ver ele se mexer e agradecer. Na missa seguinte o padre reclamava:

Quem está colocando pedrinhas no menino Jesus?! Nós sempre dizíamos que não éramos nós”, confessam agora, sem controlar os risos… Como andavam muito por aí, o pai controlava pelo medo: “ele nos dizia que não podíamos ir para o lado de onde hoje é a Guilherme Giorgio por que lá havia uma coruja muito grande. Até que um dia ele nos levou por lá. Estávamos com muito medo, mas ele insistiu. Quando escutamos a coruja cantar já ficamos com medo. Mas ele insistiu novamente. E quando vimos o tamanho da coruja ficamos bravas, com raiva de termos sido enganadas tanto tempo”…

D. Aparecida: Formatura do 2º Escolar de Vila Formosa, em 30/11/1946.
Foto tirada em frente da então capela que havia na hoje praça Sampaio Vidal.