Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Da fazenda para Vila Formosa – Marta e Zuleika

devotos4Retomando nossas entrevistas, neste mês conheceremos um pouco mais duas pessoas que nasceram no interior, vieram para a capital e ajudaram e/ ou ajudam nos trabalhos pastorais em nosso Santuário, especialmente na comunidade São José. “Nasci em novembro de 1943, em Laranjal Paulista, na Fazenda Santo Antonio, conhecida como “fazenda dos turcos”, mas na verdade eles eram sírio libaneses.

Esta era uma antiga fazenda de escravos”, conta Marta Maria Pires. “Eu também nasci na mesma fazenda, em agosto de 1947, vivi muito pouco tempo lá, pois em 1951, mudamos para Maringá, em 1955, em busca de melhores condições de vida”, complementa Zuleika Maria Pires Alves.

A matriarca era a avó, Alice Vaz de Almeida “era ela quem definia tudo. Onde moraríamos e trabalharíamos.

Aos sete anos eu ia à escola de manhã e à tarde trabalhava, inclusive com a enxada. Em 1951 ela decidiu que deveríamos ir para outra fazenda, no Paraná, em Maringá, onde permanecemos por quatro anos. Havia muita mão de obra e era fácil arrumar uma fazenda que pudesse contar com nosso trabalho. Mas em menos de um ano voltamos para Laranjal. E pouco depois mudamos para outra fazenda em Piracicaba, também interior de São Paulo” relembra Marta.

devotos2“Pouco depois nossa mãe, Maria Resolena Alves Pires, mais conhecida com Dona Nena, veio para São Paulo capital e ficamos em Piracicaba.

Ela trabalhava na casa de um médico que a ajudou muito.

Marta, mais tarde também veio. E, finalmente, nossa mãe disse ao patrão dela que precisa trazer a família para cá, pois ‘meu povo está sofrendo muito no interior’.

Ele ajudou e todos viemos morar aqui perto, no Tatuapé”, acrescenta Zuleica, emocionada.

O recomeço na capital não foi fácil. “Havia muito preconceito onde fomos morar. Éramos, na verdade, duas famílias grandes. Nós moramos com a vó numa garagem e a família da tia Zezé em outra. Nossa mãe conseguiu um empréstimo com o patrão dela e conseguimos comprar aqui onde estamos até hoje. Claro que ela queria mais perto da igreja, mas não foi possível, pois tinha que continuar todo mundo morando junto.

devotos5Mas estamos quase no meio entre comunidade São José e a igreja de Nossa Senhora do Sagrado Coração” rememora Marta. “E logo, como Marta, fui trabalhar como pajem também. Ela começou a trabalhar como costureira e eu, aos dezenove anos me casei e me mudei daqui. Elas sempre participaram muito da igreja e eu não muito.

Tanto que achava muito estranho quando vinha visitar e ao chegar elas saiam para a igreja”, conta Zuleica sorrindo.

Se Zuleica se casou e mudou, Marta seguiu se dedicando à igreja e ao trabalho: “Na segunda metade década de 1960 minha mãe me matriculou num curso de enfermagem. E eu morria de medo de defunto. Mas logo superei, formei-me pela Legião Brasileira de Assistência e fui trabalhar numa clínica na Vila Alpina. Em 1975 fui trabalhar na Beneficência Portuguesa, de onde saí quando me aposentei. Na igreja, sempre participei da celebrações, fui catequista, Filha de Maria (onde fiz o voto de permanecer solteira), membro da Legião de Maria e ministra extraordinária da Eucaristia”, completa ela.

Zuleika, após algum tempo retornou: “Se não voltamos pelo amor, acabamos voltando pela dor. Sofri muito por uma situação complicada em que vivia meu filho adolescente.

devotos3Um dia, no desespero, ajoelhei no banheiro onde trabalhava e pedi a Nossa Senhora do Sagrado Coração por ele, pois eu não tinha mais o que fazer. Ao sair tocou o telefone e uma tia que mora no interior pedia para mandá-lo para lá. Graças a Nossa Senhora do Sagrado Coração e a esta tida ele se recuperou e está ótimo. Este foi o maior milagre que recebi e serei eternamente grata. Fui membro das Filhas de Maria também, e hoje participo da Legião de Maria, Apostolado da Oração, Irmandade de São Benedito e sou Ministra Extraordinária da Eucaristia e Sacristã na comunidade São José, conclui ela muito emocionada.

Miguel Mota