A pedagogia do calendário litúrgico alça-nos outra vez ao tempo quaresmal. Com uma sabedoria de uma mãe e mestra, a Igreja que celebra o mistério da salvação cristã no ciclo temporal, convida-nos por meio da quaresma a uma preparação sólida para viver o núcleo central da fé cristã: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

A quaresma, desse modo, tem um caráter educativo, um aspecto mistagógico. Pelos exercícios quaresmais, pelas práticas de piedade normalmente ligadas a este tempo litúrgico, somos introduzidos ainda mais no mistério Pascal de Cristo. Assim, a busca mais aguda pela oração, a vivência mais intensa do jejum e a experiência concreta da caridade, deveriam concorrer para que pudéssemos descobrir aspectos ainda não suficientemente vividos, explorados, sentidos e conhecidos do inefável mistério da redenção que o Filho de Deus nos ofertou em seu sacrifício de amor.

Nesse sentido, a quaresma que é entendida sempre como preparação, torna-se caminho. Uma via para uma descoberta. Uma trilha para uma experiência. O mistério da paixão de Jesus que é uma realidade “tão antiga e tão nova” pode ser cada vez mais aprofundado em nossa vida de fé, levando-nos a um compromisso mais denso com o Evangelho e com o Reino de Deus. Este tempo litúrgico, portanto, desafia-nos a fazermos uma ainda maior experiência do núcleo fundante da nossa fé.

A quaresma, conquanto o frenesi da nossa vida em um grande centro urbano nos roube muito dessa percepção, comporta em si esse mistério profundo. Ela nos prepara para viver a Páscoa. Em nosso Santuário, como cristãos convictos de nossa fé, o apelo que nos atinge é o de viver com seriedade este tempo. Através da confissão ou através das vias sacras, nas Santas Missas rezadas diariamente em nossa comunidade ou pelos gestos de caridade o desafio é sempre o mesmo, descobrir o caminho mais claro para sentir com ainda mais profundidade o Mistério Pascal! Amém!

Que tenhamos uma Santa Quaresma!