Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Dona Aparecida Maurício – 97 anos – Uma devota centenária

Numa então pequena cidade do interior de São Paulo, a pouco mais de 200 quilômetros da capital, nasceu dona Aparecida Maurício: “Nasci em São Carlos. Mas vivi pouco tempo lá. Depois nos mudamos para Araraquara, Matão, …, até parar em Taquaritinga. Estou com 97 anos. Nasci no dia 04 de janeiro. Só não me pergunte o ano…” conta sorrindo e tentando lembrar o ano em que nasceu.

Ainda no interior, passou por situações difíceis e perigosa: “desde muito pequena comecei a trabalhar. Assim, casei-me logo e continuamos morando no interior. Certa vez, indo para olaria, deparei-me com uma cobra sucuri. Eu saí correndo e gritando muito. Francisco veio e meu socorro e atirou nela. Ela esticou de um lado e eu desmaiei do outro. A partir de então, sempre tinha crise e desmaiava”, relembra, ainda com um pouco de medo…

Na década de 1930, mudaram para São Paulo: “quando chegamos aqui, fomos morar na Av. Renata. Começamos a freqüentar as missas na hoje praça Sampaio Vida, numa garagem. O Santuário ainda não existia”, comenta olhando para cima e buscando outros detalhes…

Nunca deixou de participar das atividades da igreja: “participei por 53 anos do Apostolado da Oração. Nunca perdi uma reunião. Também participei da Legião de Maria, mas foi por pouco tempo, pois tive de deixar para cuidar de um de meus filhos. Trabalhei muito tempo, também, na quermesse” rememora tentando lembrar os períodos de cada participação…

Sempre participou das missas: “Eu ia na missa todo dia. Ou melhor, toda noite, porque de dia eu tinha de trabalhar. Durante 20 anos eu ajudei a fazer a coleta. Meu marido sempre reclamava e, às vezes, até dizia ‘por que não leva a cama para lá e já dome por lá também?’. Anos depois ele se converteu e participou ativamente da “Convenção dos homens” e da Liga Católica. Nesta sempre carregava o estandarte de Jesus, Maria e José”, relembra saudosamente…

A devoção a Nossa Senhora do Sagrado Coração começou pouco tempo depois de ter chegado em Vila Formosa: “E conheci esta imagem aqui. Um dia eu estava com na igreja e o Pe. Francisco chegou. Naquela época o imagem ainda ficava embaixo e podíamos tocá-la. Contei a ele o meu problema: o desmaio. Ele na hora me respondeu: ‘escreva seu nome completo e coloque aos pés desta santa”. Fiz isto e nunca mais desmaiei. Foi esta santa maravilhosa quem me curou”, rememora emocionada…

Hoje não é possível participar. Mas vez outra dá um jeito de ir até o santuário: “eu tenho uma neta que sempre me leva para cima e para baixo. Como não posso sair, então rezo em casa mesmo: Assisto a missa da Rede Vida e ouço a bênção no rádio e rezo três terço por dia. Quando podia eu sempre participava de romarias para Itu, Aparecida, São Roque, Pirapora, e, claro, das festas e romarias daqui. Destas não perdia uma”, conta emocionada e se sentindo realizada…

Como frequenta o santuário desde o início, tem um orgulho: “eu sei nome de todos os padres que por aqui passaram. A maioria vinha sempre em minha casa. O Pe. Bertasi, por exemplo, vinha aqui e pegava no pé da minha filha por ela ser fumante. Passava um tempinho, ele saía até a porta e acendia o cigarro dele. Ela via e vinha falar com ele ‘tá vendo, fala de mim e fuma também’. Ele colocava as mãos na cabeça, fazia de desentendido e dava aquela gargalhada característica dele” conta sorrindo…

Finalmente, aos 97 anos de idade diz que tem dois defeitos que pretende superá-los ainda: “não tenho muita paciência, calma. Também acho que falo demais”…

Miguel Mota