Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Elias Carnevali – missionário desde a infância

As romarias ainda estavam em seu início. As celebrações ainda aconteciam na capela provisória: “Nasci em Taquaritinga, uma pequena cidade do interior de São Paulo, próximo a Araraquara. Eu era muito pequeno quando viemos para a capital. Moramos por cerca de um ano na Vila Mariana e depois nos mudamos para Vila Formosa”, conta Elias Carnevali, que nasceu em março de 1943.

Desde o início aprender a freqüentar a igreja e as celebrações: “meu pai era vicentino lá no interior. Quando viemos para cá, ele ajudou na construção do Santuário. Eu me lembro de quando era bem pequeno que ele me colocava em seus ombros para eu ver o altar e as pessoas na igrejinha que tinha na Sampaio Vidal”, rememora ele.

Poucos anos depois começou a participar com mais frequência: “participei da segunda turma do Externato Nossa Senhora do Sagrado Coração.

Logo no início fui preparado e recebi a primeira eucaristia. Porém, fui realmente catequizado pelo Irmão Afonso (que muitos anos depois ordenou-se padre) nos encontros que tínhamos de preparação para participar das celebrações como coroinha. Desde então ajudei nas mais diversas celebrações, inclusive na coroação papal, em 1954, com a presença do Núncio Apostólico”, relembra o seu Elias.

Acompanhou desde o início a construção do templo: “moramos por muito tempo na rua Carlito. Nós, crianças, gostávamos de brincar nos montes de areia e pela construção. Lembro-me, inclusive da inauguração da primeira parte do Santuário. Uma parte era separada da que estava em construção por telhas de amianto. Lembro-me também que as ruas não eram asfaltadas e comprávamos numa “quitanda” usando uma caderneta. Os acertos, normalmente eram mensais.

Não podia faltar querosene, pois não havia energia elétrica. Mas não tenho nenhuma foto de todo o período. Até hoje não adquiri o hábito de registrar e/ou guardar fotos”, conta sorrindo…

Participou de diversas pastorais e movimentos: “Pouco depois de completar 18 anos comecei a participar da Legião de Maria: Praesidium Nossa Senhora da Paz, presidido pelo prof. Aguiar Iazzetti. Algumas vezes, vindo do exército, não dava tempo de ir para casa e então participava uniformizado mesmo. Lembro também que no início, as orações eram todas em latim e não tínhamos acesso à Bíblia. Somente após o Concílio Vaticano II isto foi melhorado”, conta pensativo.

Com a juventude, aparecem outras preocupações. Como todo jovem daquele período procurou participar de atividades sócio-políticas: “Nós organizamos, aqui, o Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Vila Formosa. Em seguida conseguimos eleger um deputado e com o apoio dele obtivemos outras conquistas como a emancipação do Bairro de Vila Formosa (antes era dependente do Tatuapé), como primeiro resultado tivemos o Cartório do Registro Civil eu funciona até hoje; ampliação do saneamento básico; asfaltamento das principais ruas e avenidas; prolongamento da linha dos tróleibus da Água Rasa até Vila Formosa. A inauguração deste último contou até com a participação do prefeito e do governador”, relembra com entusiasmo…

Faz questão de lembrar que normalmente contava com apoio dos padres: “O Círculo tinha apoio especialmente do Pe. Cornélio. Nas reuniões do patrícios contávamos com o apoio do Pe. Batista, que inclusive ajudou na fundação da Liga Católica.

Onde hoje funciona os vicentinos, nós instalamos uma ‘cooperativa de consumo’. Por muito tempo ela foi útil aos moradores. Somente deixou de existir com o aparecimento dos supermercados”, conta ele.

Por alguns anos, deixou de freqüentar o santuário: “eu participava mais do movimento dos cursilhos da cristandade. Alguns encontros aconteciam na Chácara Flora, próximo a Congonhas.

Inclusive o Pe. Agenor Cardin era diretor espiritual, também. Frequentava, também, a escola da fé no Colégio Santa Catarina, na Mooca. Posteriormente me casei e por cerca de 6 anos moramos em São Bernardo Campo. Mas todos os finais de semana estávamos aqui.

Íamos embora sempre depois da missa das 18h”, relembra seu Elias. Voltou para a Vila Formosa e desde então tornou-se ministro extraordinário do Matrimônio e do batismo. Ministérios que exerceu até este ano, pois a Arquidiocese não mais está renovando.

Continua ajudando muito na catequese de adultos, na pastoral do dízimo e da Esperança. Esta última consiste em participar e coordenar as orações das exéquias no cemitério da Vila Formosa.

Finalmente, faz questão de lembrar que o movimento dos cursilhos, do qual participava, fundou o “Lar Santa Margarida”, onde acolheram 10 crianças da antiga Febem e acompanharam até completarem 18 anos. Há alguns anos esta instituição, com suas instalações, foi doada para as irmãs Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração”, finaliza ele.

Miguel Mota