Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Encontro de casais mudou nossa participação na igreja

A maioria da população brasileira se diz católica. Uma boa parte frequenta as missas. “Nós sempre fomos a missa. Nunca deixamos de ir. Inclusive quando nos casamos, em 12 de junho de 1954, no domingo seguinte já estávamos participando das missas novamente, agora como casados. Somente após participarmos do encontro de casais, em 1983, é que começamos a exercer alguma atividade: primeiro ajudando nas quermesses, especialmente na barraca da fogazza, e nos encontros de casais e FORMAR. Depois como ministros da eucaristia”, contam o casal senhor João Joaquim Parolina e senhora Leonilda Tegge Parolina.

Com exceção do último entrevistado desta coluna, também eles vieram do interior: “Nasci em Piracicaba em 1928. Na década de 1940 resolvemos mudar. Primeiro fomos para a cidade vizinha, Santa Bárbara do O’este onde moramos por volta de um ano e meio.

Porém, devido a idade militar um de meus irmãos, veio para a capital para possível convocação para guerra. Graças a Deus isto não aconteceu. Certo veio até o Belém e viu um caminhão vindo para Vila Formosa. Embarcou nele e encontrou uma casa para alugar na Rua Osvaldo, atual Alves de Almeida. Pouco tempo depois foi nos buscar.

Apenas minha irmã caçula ficou lá no interior. No início éramos 14 pessoas morando nesta casa e somente o que foi nos buscar trabalhava”, rememora emocionado o Sr. João.

Ela também veio de um pouco mais longe: “Nasci em Bareri em 1931, próximo a Ribeirão Preto. Pouco depois  viemos para São Paulo e fomos morar na Casa Verde. Eu não conhecia aqui.

Somente depois de casada é que comecei a ir à missa no santuário. Era muito difícil de chegar.

Quando da colocação dos sinos, o carrilhão, em 1951, uma amiga minha e eu tentamos vir. Mas não conseguimos, pois a fila era enorme para pegar condução e quase impossível chegar até aqui de tanta gente”, relembra dona Leonilda.

A infra-estrutura era precária: “Quando cheguei, não havia asfalto por aqui. Somente a partir da Álvaro Ramos. Usávamos lamparina para iluminar. Água encanada não havia também. Nosso primeiro contato com Nossa Senhora do Sagrado Coração foi por meio de uma correspondência que minha mãe recebeu em Piracicaba para participar de uma campanha em vista da construção do Santuário. Para nossa surpresa, viemos morar exatamente ao lado deste Santuário. Por sinal, quando chegamos continuamos participando das campa-nhas. Primeiro íamos à missa na capelinha na praça onde hoje é o banco Bradesco.

Com a construção da primeira parte do santuário as missas passaram a ser celebradas aqui. Por sinal, onde hoje é a praça Sampaio Vidal, era um morro onde sempre havia um parque ou um circo. Eles se alternavam como única atração de lazer para nós” conta com saudade o Sr. João.

Diante das dificuldades, com tanta gente chegando ao mesmo tempo, não faltou ajuda de amigos: “pouco depois de nossa chegada, com tanta gente em casa, começamos a trabalhar numa serraria. Era um serviço muito pesado. Logo depois o Sr. Germano, pai do Seu Elias (que já foi entrevista nesta coluna) arrumou emprego para nós em um empresa de fundição que fazia torneiras. Fazíamos a modelagem delas na terra. Tanto que faz pouco tempo que elas são polidas por dentro e por fora.

Até pouco tempo isso não era possível. Ela ficava cheia de areia e depois do metal liquido solidificar batíamos para soltar a areia misturada com óleo que estava dentro. Depois fui trabalhar numa fábrica de tecelagem, na rua Catumbi. Foi lá que nos conhecemos e depois nos casamos. Depois de aposentado, ainda trabalhei profissionalmente, por cerca de 20 anos na casa paroquial”, relembra o Sr. João.

Há pouco tempo devido a idade e a saúde, não exercem mais o ministério extraordinário da Eucaristia: “infelizmente não podemos mais continuar com o ministério. Mas não deixamos de ir à missa.

Para nós é inesquecível a coroação papal em 1954. Era tanta gente e tanto carro que não havia mais lugar para estacionamento. Também não esquecemos da grande graça que Nossa Senhora do Sagrado Coração nos concedeu que é a construção desta casa que moramos.

Apesar de sempre ganhar o suficiente para vivermos, conseguimos isto e educar nossas três filhas: Isabel, Sandra e Selma” finalizam emocionados.

As fotos são do arquivo da família.

Miguel Mota