Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Enquanto todos dormiam… (Mt 13,24-30)

28/07/2018 – Enquanto todos dormiam… (Mt 13,24-30)

Já refletimos juntos sobre esta mesma passagem: o trigo bom e o joio mau crescendo juntos até a colheita, convivendo lado a lado até o dia do Grande Juízo, a colheita da humanidade. E o mistério da paciência de Deus, que parece estender o nosso tempo de conversão…

Hoje, porém, vamos focalizar outro ângulo. Quando foi que o “inimigo” semeou a cizânia sobre a semente do trigo já semeada? Quando todos dormiam… Satisfeitos com o trabalho da semeadura, cheios de esperança de boa brotação, foram todos celebrar, dormindo o despreocupado sono dos justos.

Foi na calada da noite que o adversário se infiltrou. Não havia guardas nem sentinelas. Os cães não ladraram. Quando o dia raiou, o mal estava feito… Faz pensar em nossa sociedade? Faz pensar em nossas famílias? No mínimo, faz lembrar a advertência de Jesus? “Vigiai e orai, porque não sabeis o dia nem a hora!” (Mc 13,35.)

Quem viu a profunda mudança da sociedade brasileira na segunda metade do Séc. XX sabe que todos nós cochilamos. Diante do processo de industrialização, o êxodo rural, a chegada da TV, as mudanças do pós-Vaticano II, nós não fomos vigilantes como deveríamos ter sido. Distraídos, tivemos nossas raízes culturais abaladas, os laços familiares rompidos, nossa própria fé desfigurada.

Os pais rezavam o terço em família, os filhos deixaram de ir à missa, os netos se perguntam que diferença faz casar-se na Igreja ou simplesmente se “juntar”… Isto, em menos de 50 anos! Nós fomos envolvidos por outras vozes. Duvidamos dos valores que havíamos herdado de nossos maiores, pois pareciam meio “quadrados” diante do novo mundo que se avizinhava.

Hoje, sabemos que falhamos. Dormimos enquanto o inimigo semeava o joio. Eis a droga e a violência. A quebra da autoridade dos pais e professores. A invasão dos lares pela TV pornófona. A adoção de toda a libertinagem das novelas. E não é mais possível evitar as lágrimas diante de tanta destruição…

E agora, que fazer? Com certeza, voltar para a muralha e retomar a vigilância. “Vigiai, pois, em todo o tempo, e orai a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do homem.” (Lc 21,36.)

Orai sem cessar: “Mais do que os vigias que aguardam a manhã,

Espere Israel pelo Senhor!” (Sl 130,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.