Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Viver a fé com simplicidade – D. Deolinda e Sr. Adalberto

É a segunda vez que entrevistamos um casal que sempre participou das missas em nosso santuário, embora não tenha exercido funções pastorais:

“Nós nos casamos em 29 de setembro de 1962. Desde, então, frequentamos as missas, aos domingos, aqui no santuário, especialmente as das 7h30”, conta dona Deolinda de Barros Costa Roiz com a concordância de seu esposo Sr. Adalberto Roiz que acrescenta “trabalhei por 26 anos na fábrica de borracha do Grupo Rolex, no Tatuapé.

Na época do Pe. Almir Miranda (pároco de 1994 a 1998), por ser ferramenteiro, foi me solicitado e fiz alguns arranjos para a igreja. Inclusive um grande balão que foi usado em algumas celebrações e procissões, foi feito por mim”.

Como a maioria dos que participaram deste espaço do jornal, também eles não são paulistanos: “Nasci em Araçatuba, interior de São Paulo, em 1940. Aos 12 anos vim, com meus pais, para São Paulo, e enquanto trabalhavam, para não ficar na rua, minha mãe colocou-me para trabalhar no salão de cabeleireira da dona Maria. Eu arrumava o local e levava o filho dela na escola, e ela me ensinou a trabalhar como manicure. Fiquei com ela até os 14 anos quando fui com minha mãe para a tecelagem, onde fiquei por pouco tempo e, em seguida, fui trabalhar com dona Rosa, novamente em um salão de cabeleireira, quem foi, para mim, minha terceira mãe, pois a se-gunda foi minha avó. Trabalhei com ela até me casar”, lembra ela. “E eu nasci em Dourados, também interior de São Paulo. Em 1945 mudamo-nos para São Carlos. Lá tentei a carreira de jogador, jogando no Bandeirante, São Carlense e, posteriormente, na Ferroviária de Araraquara. Porém, devido a contusões, especialmente no joelho, não pude continuar. Em 1958 vim morar em São Paulo, aqui próximo em Santa Izabel, na casa de uma tia e fazia tratamento no joelho. Depois tentei a carreira militar, Agulhas Negras, e também não deu certo” completa ele.

Conheceram-se por volta de 1958. Após um tempo de namoro, começaram a construção da casa onde moram até hoje: “O pai dela tinha um bar e o salão onde ela trabalhava era perto.

Próximo dali eu ia sempre engraxar meus sapatos. A gente se via e logo começamos a namorar. Em pouco tempo, aos finais de semana, eu e alguns parentes dela e amigos vínhamos a pé para construir a casa. Por sinal, toda vez que passava em frente à igreja sentia necessidade de entrar ao menos um pouquinho. Sempre me lembrava do tempo que fui coroinha em minha cidade”, relembra ele. Eu de quando em vez vinha também. A  Av. Renata não era asfaltada e havia uma muita poeira, além da lama quando chovia. Aqui na Av. Vereador Aber Ferreira, só havia uma pequena ponte para passarmos sobre o riozinho. Ajudaram na construção aqui o tio Ciro e a tia Cida (que também foram nossos padrinhos de casamento), meu cunhado Dorvalino Pessuto (na época, ainda namorado de minha irmã e acolheu meu marido como a um irmão), Tio Luiz, pedreiro, e tio Alcides pintor…” rememora ela..

Com a construção pronta, logo se casaram: “casamo-nos em 1962, na igreja Santa Izabel. Para chegar aqui era tão ruim que até o caminhão que trouxe nossos presentes ficou atolado e com muita dificuldade conseguir atravessar o riozinho da atual Av. Vereador Abel Ferreira. No final de semana seguinte começamos a participar das missas aqui no santuário e nunca mais deixamos de ir às missas daqui. Sempre colaboramos com o dízimo e com as doações para as festas da padroeira. Nunca deixamos, também, de participar das procissões.

Nossas filhas, Elizabeth e Margareth, e nossos netos Anderson e Katherine participaram da catequese e crisma aqui. Já recebemos muitas graças pela intercessão Nossa Senhora do Sagrado Coração”, conta ela.

Para finalizar, o Sr. Adalberto relembra um fato da infância que atribui ser um milagre ainda esta vivo:

“Houve um período de epidemia de tifo. Minha mãe e eu ficamos doente. Naquela época, quem apresentava os sintomas tinha de ir para um local público (isolamento) e aguardar a possível cura e então voltar para a casa. Como meu pai conhecia um médico, pediu para ele não denunciar, apenas dizer o que ele tinha de fazer para nos ajudar. Ele, então, exigiu isolamento e pouca alimentação. Infeliz-mente fomos piorando e o médico ficando preocupado. Diante do desespero, meu pai não vendo outra alternativa, resolveu, conta própria, fazer uma sopa de galinha e nos dar.

Dias depois o médico se surpreendeu com nossa recuperação e perguntou o que meu pai havia feito. Ele simplesmente disse que havia nos alimentado melhor…” conclui emocionado…

As fotos são do arquivo da família.

Miguel Mota